sábado, 18 de maio de 2024
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De Onde vem os Orixás

Introdução

Os Orixás desempenham um papel central na Umbanda, uma religião brasileira que combina elementos do Catolicismo, Espiritismo e tradições africanas. Com uma história rica e envolvente, essas divindades representam aspectos da natureza e características humanas, exercendo influência na vida e nos rituais de seus seguidores. Neste artigo, exploraremos a história por trás dos Orixás na Umbanda, sua importância na cultura brasileira e seu impacto nas tradições religiosas do país.

De onde vem os Orixás

Os Orixás, termo derivado do iorubá Òrìṣà, constituem divindades na religião iorubá, sendo representações simbólicas da natureza. Essas entidades são classificadas em dois grupos, os aborós (ou orixás masculinos) e as aiabás (ou orixás femininas). De acordo com a crença iorubá, Olodumarê (Deus presente nas religiões Iorubá) enviou essas divindades para a criação do mundo, incumbindo-as de ensinar e auxiliar a humanidade em sua jornada terrena. A maioria dos Orixás, embora tenha vivido como seres humanos em algum momento, já existia previamente no Orum (em Iorubá significa céu ou mundo espiritual). Além disso, alguns tornaram-se Orixás devido às suas notáveis realizações e sabedoria durante a vida, enquanto outros possuíam poderes sobrenaturais desde o nascimento, exercendo controle sobre elementos naturais e aspectos fundamentais da existência humana, como agricultura, pesca, metalurgia, guerra, maternidade e saúde.

Em razão do sincretismo ocorrido durante o período da escravidão, quando o catolicismo foi imposto aos negros, cada Orixá foi associado a um santo católico. Essa associação foi estabelecida como uma estratégia para preservar a adoração aos Orixás, pois os praticantes foram forçados a disfarçá-los sob a roupagem dos santos católicos. Isso permitiu que continuassem a cultuar suas divindades de maneira aparente, mantendo viva a tradição religiosa, apesar das restrições impostas durante esse período.

Os Orixás na África

Na África, os Orixás possuíam originalmente vínculos específicos com cidades ou até mesmo países inteiros, constituindo uma rede de cultos regionais ou nacionais. Cada entidade divina era reverenciada em locais distintos, como Xangô em Oió (cidade no estado de Oió na Nigéria), Iemanjá na região dos ebás (é um subgrupo dos iorubás da Nigéria), Ieuá em ebadós (tribo dos Iorubás que habitam o estado de Ogum, no Sudoeste da Nigéria), Ogum em Adô Equiti (Capital do estado de Equiti, na Nigéria) e Ondô (é a maior cidade no estado de Ondo, na Nigéria), Oxum em Ilexá, Oxobô e Ijebu Ode (são cidades da Nigéria), Erinlé em Ilobu (cidade do estado de Osun, na Nigéria), Logunedé em Ilexá, Otim em Inisa (cidade do estado de Osun, na Nigéria), e Oxalá-Obatalá em Ifé (antiga cidade iorubá no estado de Osun), subdivididos em Oxalufã em Ifo e Oxaguiã em Ejibó (cidade no estado de Oxum, na Nigéria). A condução das cerimônias de adoração a cada orixá era uma responsabilidade atribuída aos sacerdotes designados em suas respectivas tribos ou cidades.

Orixás na Religião iorubá:

  • Exu, Orixá guardião dos templos, encruzilhadas, passagens, casas, cidades e das pessoas, mensageiro divino dos oráculos[10].

  • Ogum, Orixá do ferro, guerra, fogo, e tecnologia.

  • Oxóssi, Orixá da caça e da fartura.

  • Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca.

  • Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça.

  • Airá, Usa branco, tem profundas ligações com Oxalá e com Xangô.

  • Obaluaiê, Orixá das doenças epidérmicas e pragas, Orixá da Cura.

  • Oxumarê, Orixá da chuva e do arco-íris, o Dono das Cobras.

  • Oçânhim, Orixá das Folhas, conhece o segredo de todas elas.

  • Oiá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestades, e do Rio Niger.

  • Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, do jogo de búzios, e do amor.

  • Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade, mãe de muitos Orixás.

  • Nanã, Orixá feminino dos pântanos, e da morte, mãe de Obaluaiê.

  • Ieuá, Orixá feminino do Rio Yewa.

  • Obá, Orixá feminino do Rio Oba, uma das esposas de Xangô.

  • Axabó, Orixá feminino da família de Xangô.

  • Ibeji, Orixás gêmeos.

  • Irocô, Orixá da árvore sagrada, (gameleira branca no Brasil).

  • Egungum, ancestral cultuado após a morte em casas separadas dos Orixás.

  • Iami-Ajé, é a sacralização da figura materna, a grande mãe feiticeira.

  • Onilé, Orixá do culto aos egunguns.

  • Oxalá, Orixá do Branco, da Paz, da Fé.

  • Obatalá ou Orixanlá, o mais respeitado, o pai de quase todos orixás, criador do mundo e dos corpos humanos.

  • Ifá ou Orunmila-Ifa, Ifá é o porta-voz de Orunmila, Orixá da Adivinhação e do destino.

  • Odudua, Orixá também tido como criador do mundo, pai de Oraniã e dos iorubás.

  • Oraniã, Orixá filho mais novo de Odudua.

  • Baiâni, Orixá também chamado Dadá Ajacá.

  • Olocum, Orixá divindade do mar.

  • Olossá, Orixá dos lagos e lagoas.

  • Oxalufã, Qualidade de Oxalá velho e sábio.

  • Oxaguiã, Qualidade de Oxalá jovem e guerreiro.

  • Ocô, Orixá da agricultura.

Os Orixás no Brasil

No contexto brasileiro, a religião dos Orixás é celebrada em todos os templos religiosos, independentemente do porte da instituição. Nos grandes terreiros, cada Orixá é reverenciado em quartos distintos destinados a cada entidade divina, enquanto em espaços mais compactos, a celebração ocorre em um único ambiente conhecido como “quarto de santo”, expressão utilizada para designar o local destinado ao culto dos Orixás.

A chegada da religião dos Orixás ao Brasil ocorreu por meio dos Iorubás, conhecidos como Nags neste contexto, que desembarcaram a partir do século XIX, na década iniciada em 1810. Originários da Nigéria, na África Ocidental, os Iorubás compartilham essa região com outros grupos étnicos, como Hauçás e Ibos. No Brasil, os Orixás são venerados em diversos terreiros de candomblé, destacando-se na Bahia, no Xangô do Recife e em centros urbanos expressivos, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, abrangendo todo o país.

No Rio Grande do Sul, a manifestação da religião dos Orixás é denominada batuque ou nação (casa-de-nação), constituindo a base para os trabalhos artísticos do negro Pedro Homero. Na umbanda, os Orixás do candomblé são cultuados, e os guias espirituais se manifestam como espíritos indígenas, pretos velhos ou pomba-gira, oferecendo conselhos e passes. Originada no Rio de Janeiro na década de 1920, a umbanda caracteriza-se por uma combinação de elementos religiosos afro-brasileiros e espiritismo, representando um sincretismo religioso.

Ogum, Orixá associado à guerra, ao ferro e às artes marciais, é reconhecido por sua natureza violenta, refletida em suas danças. Em Porto Alegre, no dia 23 de abril, consagrado a Ogum, a imagem do santo percorre as ruas em uma procissão que parte da Igreja São Jorge, localizada no bairro Partenon. Esse evento é altamente concorrido pelos filhos de Ogum, e durante a celebração, em resposta à saudação “Viva São Jorge!”, ouvem-se os agú-nhê!, saudação característica da divindade no Batuque.

Conclusão

Os Orixás desempenham um papel fundamental na religião e na cultura brasileira, trazendo consigo uma história de resistência e resiliência. Sua presença continua a moldar as tradições religiosas do país e a enriquecer sua diversidade cultural. Ao compreender a história por trás dos Orixás, podemos apreciar melhor a profundidade de suas influências e o legado que deixaram na sociedade brasileira.

Questões mais Frequentes

Qual Santo sincretiza com Exu?

Em algumas tradições, Exu é sincretizado com Santo Antônio.

Qual santo sincretiza Oxóssi?

Oxóssi é sincretizado com São Sebastião em algumas linhas da Umbanda e do Candomblé.

Qual santo sincretiza Oxum?

Oxum é sincretizada com Nossa Senhora da Conceição em algumas manifestações religiosas afro-brasileiras.

Qual é a relação entre Orixás e signos do zodíaco?

Nas práticas religiosas afro-brasileiras, cada Orixá é cultuado independentemente de qualquer associação com os signos do zodíaco.

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Livia Serra de Luz
Livia Serra de Luz
Lívia Serra de Luz é uma dedicada estudiosa e praticante da Umbanda, compartilhando essa paixão com seu marido, João Carvalho de Luz, há mais de 15 anos. Nascida na vibrante Salvador, Bahia, Lívia foi envolvida desde cedo pelos ricos elementos culturais e espirituais que permeiam a cidade, berço da Umbanda. Seu interesse pelas raízes espirituais do Brasil se entrelaça com o amor pela natureza e pelas tradições orais que ecoam a sabedoria ancestral.
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